PODE PARECER INUSITADO, mas comer formigas não é um hábito desprezado pelos brasileiros: em Cozinha do arco-da-velha, o jornalista Odylo Costa, filho, compila relatos de historiadores e viajantes que, desde o século XVI, encontraram o petisco servido em São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Maranhão, Amazonas e Espírito Santo. Para o professor e ensaísta Eduardo Frieiro, autor de Feijão, angu e couve, essa “é, provavelmente, uma invenção indígena”, e até hoje a comunidade Baniwa de São Gabriel da Cachoeira, na Amazônia, consome a formiga maniuara socada no pilão, com farinha de mandioca e pimenta, ou misturada ao tucupi negro. Caldos de peixe ou farofas com o ingrediente também são comuns em restaurantes locais.